Invencível: novo filme do Zachary Levi retrata a imperfeição humana

Invencível é uma obra extremamente delicada. Mas ainda assim é capaz de abordar, com carisma, um enorme drama familiar, através dos olhos criativos de uma criança com autismo e com ossos de vidro. É lógico que a palavra “vidro”, serve de metáfora nessa situação. A verdade é que Austin LeRette (Jacob Laval) possui uma doença genética que torna seus ossos frágeis: A Osteogênese Imperfeita (OI). 

Herdada de sua mãe, tal condição genética acaba por dificultar muito a vida de Austin e daqueles ao seu redor, por exigir cuidado constantemente. Fazendo assim, com que o garoto passe a se sentir um fardo por ser diferente. No entanto, esse sentimento é evidenciado ainda mais, quando seus traços do espectro autista passam a se manifestar. 

Invencível traz personagens vulneráveis

Zachary levi no filme invencível
Créditos: Divulgação / Paris Filmes

O longa utiliza linguagens bem interessantes para contar a história. Logo no primeiro ato, nos deparamos com uma trama que parece ser contada de trás para frente, através da narração do protagonista sobre “O dia em que tudo quebrou”. Aqui, o diretor Jon Gunn (Casa de Davi) opta pelo uso de elementos visuais, como desenhos animados em tela, para que possamos ter um breve vislumbre sobre a forma como aquele garoto enxerga o mundo. 

Assim que somos introduzidos aos personagens, não leva muito tempo para que suas fragilidades sejam evidenciadas. Em ‘Invencível’ não há seres humanos perfeitos; todos são “falhos” e seus defeitos transparecem à narrativa, proporcionando uma certa tridimensionalidade e tornando-os em personagens palpáveis. Ao longo da trama, até o Pastor Rick (Peter Facinelli), uma figura religiosa, se apresenta como um ser falho que está em constante busca por um auto aperfeiçoamento. 

Falando em religião, é de se esperar que um filme dirigido por Gunn apresente elementos religiosos em sua narrativa, já que compõem grande parte de sua filmografia. Só que neste caso, tais elementos incorporam a trama de forma sutil, porém, sempre presentes de alguma forma. Seja na igreja, onde a mãe Teresa LeRette (Meghann Fahy) busca conforto em meio às dificuldades ou em diálogos cômicos com o pai, Scott LeRette, interpretado por Zachary Levi. 

O ator, conhecido por estrelar em filmes como ‘Shazam’, destaca-se nos momentos de comédia e parece se esforçar para entregar sua melhor atuação quando é colocado em situações dramáticas. Apesar de demonstrar certas dificuldades, Zachary Levi foi capaz de entregar emoção em tela. No entanto, creio que o personagem Joe (Drew Powell) – com seu enorme carisma – serviu como uma ótima muleta para que o Zachary atingisse níveis mais altos de interpretação. 

Sendo assim, o longa se destaca por reconhecer suas limitações e contorná-las para atingir o melhor resultado possível – da mesma forma que essa família desajustada parece fazer de tudo para se manter unida e funcional. 

Neste contexto, é assim que a Fahy se destaca. A personagem é capaz de trazer peso e conforto à trama, estabelecendo uma conexão com os protagonistas, principalmente com Austin. Esse laço é fortalecido por compartilharem da mesma doença óssea, que evidencia suas dificuldades e sonhos suprimidos pela fragilidade física. 

Filme emociona através da sua narrativa sobre aceitação

Meghann Fahy é  Teresa em Invencível
Meghann Fahy é Teresa em Invencível. Créditos: Divulgação / Paris Filmes

Já no terceiro ato, presenciamos o chamado “Dia em que tudo quebrou”, dando continuidade à primeira cena do longa. Mas confesso que o peso narrativo entregue talvez não acompanhe a expectativa gerada pelo público, no aguardo de uma grande catástrofe.

Apesar de uma leve frustração, é neste momento em que todas as emoções suprimidas pelos personagens ganham força e se tornam uma enorme tempestade em suas vidas. A aceitação e a reconstrução são os elementos mais marcantes no fim dessa história, capaz de nos tocar profundamente.

No final, ser uma pessoa invencível significa ser quebrado uma vez após a outra, mas ainda assim, ser capaz de se reerguer e tentar de novo, se apoiando na esperança de se tornar alguém melhor. Significa crer, mesmo que seja com a ingenuidade de uma criança; que cada dia será melhor do que o outro. Pois como o próprio filme diz em um de seus belos diálogos: não são nossos erros que nos definem, mas sim a forma como escolhemos nos curar deles.

Invencível estreia em 8 de maio nos cinemas. Assista o trailer nos cinemas:

Nota do Clube da Lutz: 4/5

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